21 de janeiro de 2014

Livro: Ensaio sobre a cegueira

"Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que vêem, cegos que, vendo, não vêem."



Uma cegueira passa a atormentar a cidade. O primeiro a ficar cego, estava dentro do seu carro em pleno trânsito. De repente cegou-se. Não era uma cegueira comum, era branca. Os olhos pareciam perfeitos, quem olhasse para quem dizia não ver, não percebia que o mesmo se encontrava cego. "Olhos que tinham deixado de ver, olhos que estavam totalmente cegos, encontravam-se no entanto em perfeito estado, sem qualquer lesão, recente ou antiga, adquirida ou de origem." Página 37

Essa cegueira começa a se expandir. De repente mais alguém aparece cego. Vão ao oftalmologista, que não encontra explicação nenhuma para esse caso. Mas tempos depois, o próprio médico de olhos cega-se também. Sua esposa, que pouco entende do caso, sabe que cegueira não é contagiosa, mas não entendia o que estava acontecendo. Apenas que entre todos, era a única, sabe-se lá porque, que não cegou.



Quando menos esperavam essa cegueira atingia alguém. Então, o governo resolve levar todos a um manicómio desocupado. E assim inicia-se a quarentena. O médico e sua esposa - que se fingia de cega - foram os primeiros a irem, em seguida iam chegando mais e mais pessoas. A situação era precária, a mulher do médico era a única que enxergava a desgraça em que estavam vivendo e sem ninguém saber que ela via, tentava ajudar. "Não podes guiar e nem dar de comer a todos os cegos do mundo. Deveria. Mas não podes. Ajudarei no que estiver ao meu alcance." Página 241

O caos e a miséria estavam presentes ali. A comida não era o suficiente e era jogada, pois, os guardas tinham medo de chegar perto deles. Banheiro dava vontade de vomitar. Eram tratados como animais. Sem recursos nenhum para sobreviver a cegueira. Os mortos tinham que ser enterrados dentro do próprio manicómio, do jeito que dava.  Alguns cegos por possuírem uma arma se juntaram e fizeram dos outros escravos. " O difícil não é viver com as pessoas, o difícil é compreendê-las, disse o médico". Página 286. O inferno estava ali. Até a cegueira contagiar a todos do mundo e apenas a mulher do médico que via, ter a "responsabilidade de ter olhos quando os outros se perderam".



No início, para mim, não foi uma leitura fácil pelo fato de que as falas são separadas por vírgulas e não por pontos, travessões, ou aspas, o que precisamos redobrar a atenção para entender as falas. Este livro, nos mostra a importância de não só ver as coisas, mas enxergá-las. A importância, de saber que nós somos exatamente o que ninguém pode enxergar, mais do que aparência, somos essência. Nos mostra a importância da união, da humildade, da força que temos quando a queremos ter.


 "As aparências são enganadoras, e não é pelo aspecto da cara e pela presteza do corpo que se conhece a força do coração". Página 171

Editora: Companhia das letras
Número de páginas: 310
Autor: José Saramago

2 comentários:

  1. Estudei um pouco sobre esse livro nas aulas de literatura da escola e é realmente um livro denso, apesar de não ter lido diretamente, somente ter discutido sobre e visto trechos do filme. Acho bem genial e a mensagem passada é muito bonita e me marcou! Ótima resenha, parabéns ^-^

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    1. Obrigada Isabela. Também tive o prazer de assistir ao filme, mas confesso que o livro -como sempre- é muito melhor rsrs Se puder, leia é maravilhoso.

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